O Banco Central esteve na luta tentando a todo custo manter a inflação anual presa à coleira, mas parece que agora o órgão já guardou os balões e cancelou a festa.
Nadou e morreu na praia
Nesta quinta-feira (30), o Banco Central (BC) publicou o seu Relatório Trimestral de Inflação, e trouxe uma nota frustrante sobre o assunto. Segundo o órgão, parece que não há mais chances da inflação ficar dentro da meta estabelecida para o ano.
A declaração veio em virtude do BC ter elevado para 100% a possibilidade de fracasso na tentativa de conter a alta dos preços. Anteriormente, na última previsão feita em março, a expectativa para que a meta não conseguisse ficar dentro do intervalo aceitável estava em 88%.
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Como o Banco Central se justificou?
De acordo com o relatório, a elevação da chance de fracasso se deu pelo cenário não estar muito favorável para uma reversão. Com isso, o BC quis dizer que os preços em alta, com destaque para o petróleo, pressionam a inflação no país, e a meta deve ir pras cucuias.
Nesse sentido, a meta da inflação, que estava no intervalo entre 2% e 5%, foi abandonada. Contudo, o BC se mantém fazendo previsões, e ao final de 2022, ainda segundo o órgão, o IPCA deverá ficar em 8,8%.
Sim, IPCA, ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Esse é o nome completo da inflação oficial brasileira. Na prática, ela avalia a variação média de um catálogo bem geral de produtos e serviços, e entrega o resultado de como os itens se comportaram.
Tá, mas e o futuro?
O relatório também trouxe os exercícios de futurologia para 2023. Segundo o BC, a meta para a inflação no próximo ano, que hoje está entre 1,75% e 4,75%, também terá mais dificuldade para ser mantida. Por isso, elevou de 12% para 29% as chances de fracasso.
No entanto, apesar de até agora a inflação ter se mantido indomável, o presidente do BC deu uma pílula de esperança. Isto pois, na semana passada, ele disse em um evento em Lisboa que a pior parte da luta contra a inflação já tinha passado. Será que dá pra confiar?